Investir na Bolsa O Mesmo Que Ir Ao Casino Dif Broker Portugal

Investir na Bolsa: O Mesmo Que Ir Ao Casino?


Este artigo não é para todos, trata-se da minha experiência pessoal na bolsa de valores e ex-membro da indústria de corretagem – em cargos de direcção; por conseguinte, muitos podem não partilhar as minhas conclusões, nem tão pouco considerar os ensinamentos que retirei ao longo de anos de experiência nesta indústria.


Num dos filmes da minha vida, Casino , de Martin Scorsese, no início da película, escutamos a voz de Robert de Niro, no papel de “Ace” Rothstein, a narrar a sua história como um dos grandes gestores de um casino em Las Vegas; no filme, Tangiers era o nome do casino.


Na sua narração inicial, que sempre me marcou, contava-nos: “ Nessa altura, Las Vegas era onde os trouxas iam todos os anos com uns cobres e perdiam mil milhões de USD….o resultado final do brilho das luzes, das viagens pagas, dos banhos de champanhe, das suítes de hotel à borla, das miúdas e das bebidas… tudo era pensado para vos sacar o dinheiro …essa é a verdade de Las Vegas ”.


O que será que atrai tantas pessoas aos mercados financeiros, tal como acontece com os Casinos?


Essa foi uma pergunta que sempre coloquei a mim mesmo. Sinto que a maioria das pessoas visita os Casinos para se divertir, sabendo de antemão que irá perder; o contrário do que acontece para os que desejam investir na bolsa, à primeira vista, sempre parece um meio infalível e fácil de ganhar dinheiro; essa é a percepção que muitos parecem ter.


Apesar desta diferença , julgo que há algo que perpassa ambas situações, no fundo, uma debilidade humana que nos persegue desde o início da nossa existência, um vício, como alguns lhe chamariam: a ganância .


Na realidade, o ser humano é atraído pela possibilidade de ganhar dinheiro rápido e sem esforço , através de um golpe de sorte; esforço e trabalho é algo que nunca nos vem à mente nestas situações .


O “ El Dorado ” sempre existiu e existirá na mente humana.


Em todas as indústrias, em particular daquelas que vivem da ganância, sempre existiram, existem e irão existir, entidades que exploram esta fraqueza humana.


Na verdade, sempre surgem “as luzes, as bebidas e o champanhe” ; são é servidas de outra forma, mas o objectivo é sempre o mesmo: iludir o cliente .


O acto de iludir é ainda facilitado por outra das nossas fraquezas: a incapacidade para reconhecer que se foi enganado.


Enganar é fácil; reconhecê-lo é muito mais difícil.


E quais são as “suítes à borla, as miúdas e as viagens pagas” que proliferam na indústria de corretagem, com o propósito de enganar?


Em primeiro lugar, os derivados OTC . O que significam estas três letras: Over-the-Counter . Em português: Mercado de Balcão.


Estimado leitor, antes de esclarecer este conceito, importa, em primeiro lugar, ter em conta um conceito simples: no mercado se o leitor compra, do outro lado, alguém que o leitor não conhece, vende, e vice-versa.


Em todos os derivados, têm de existir duas posições:


(i) a do comprador (ii) a do vendedor.


Um deles irá ganhar e um deles irá perder: é assim que sempre funciona.


Vamos supor que o leitor deseja negociar um contrato Futuro, cujo o activo subjacente é o índice sp500, e possui os seguintes detalhes: 10 índices por contrato; expiração do contrato: 3 meses.


O contrato está a cotar da seguinte forma: 3501 (bid)/3502 (ask).


Assim, se o leitor desejar comprar um contrato, significa que daqui a três meses, compromete-se a pagar 87 550 USD (3502 × 25) por 10 índices sp500; do outro lado, existirá alguém que está disponível para lhe vender 10 índices sp500, daqui a três meses, pela mesma quantia: 87 550 USD.


No caso de desejar vender um contrato, apenas se alteram os valores: daqui a três meses, compromete-se a vender por 87 525 USD (3502 × 25) 10 índices sp500; do outro lado, existirá alguém que está disponível para lhe comprar 10 índices sp500, daqui a três meses, pela mesma quantia: 87 525 USD.


Ou seja, apenas ocorre uma transacção quando um comprador e um vendedor se colocam de acordo, caso contrário, não existe negociação entre as partes.


Passados 3 meses, vamos supor que o preço do índice sp500 está a cotar a 3600 pontos por índice.


Se o leitor tivesse comprado, ou seja, a sua posição era longa, significa que irá poder comprar o índice a 3 502 pontos, mais barato que os 3 600 pontos, a actual cotação de mercado; ou seja, a sua posição foi vencedora em: 980 USD; (3 600 – 3 502) × 10.


O vendedor perdeu 980 USD, a sua perda corresponde ao lucro do leitor. Como os índices bolsistas não podem ser negociados fisicamente , são apenas medidas de desempenho do mercado bolsista, têm que ser liquidados monetariamente.


O vendedor teria de pagar 980 USD ao comprador, neste caso o leitor.


Se o leitor tivesse optado pela posição vendedora, teria de pagar 980 USD ao comprador; neste caso, seria o perdedor deste negócio.


O lucro de uma parte corresponde à perda da outra parte.


O que é que acontece num derivado negociado no mercado de balcão?


A contraparte do leitor é a instituição financeira e a sua instrução é negociada fora de mercado; ou seja, a negociação ocorre fora de uma bolsa de Futuros, uma bolsa organizada; o que significa?


Se o leitor lucra, a instituição financeira tem de lhe pagar – irá ocorrer um crédito na sua conta de corretagem, no nosso exemplo, 980 USD. Se o leitor perde, a instituição financeira tem o direito de lhe exigir um pagamento, a sua perda – irá ocorrer um débito na sua conta de corretagem, no nosso exemplo, 980 USD.


A indústria de corretagem cobra comissões pela instrução de ordens à bolsa, no nosso exemplo, a uma Bolsa de Futuros. Se esta instituição financeira cobrar uma comissão de 10 USD por contrato, significa que o leitor teve de pagar à instituição 10 USD pela negociação de um contrato Futuro, ou seja, a receita obtida por este entidade com este negócio.


Ora, no caso de derivados negociados no mercado de balcão, como é o caso dos CFDs , significa que a instituição financeira se compromete a pagar a diferença de preço – daí o nome, Contract for Difference – multiplicada pelo número de índices negociados.


Ora, no nosso exemplo, se o leitor estivesse longo, através de um CFD, a instituição financeira teria de lhe pagar 980 USD; neste caso, a instituição financeira estaria a correr um sério risco de incorrer em fortes perdas, caso a maioria dos seus clientes possua posições vencedoras.


Para evitar tal risco, irá realizar a mesma operação do cliente, replicando a mesma instrução do cliente junto de uma Bolsa de Futuros; ou seja, utiliza uma bolsa organizada para cobrir este risco.


No momento em que o leitor realiza a instrução, dando uma ordem sobre um CFD, a instituição financeira sabe que poderá ter uma responsabilidade futura, no caso de a sua posição tornar-se vencedora.


Assim, realiza igualmente a mesma instrução junto da Bolsa de Futuros.


Se o leitor lucrar 980 USD, a Bolsa de Futuros credita este valor na conta da instituição financeira, ou seja, obteve o mesmo lucro no mercado que o cliente; com esse valor, a instituição financeira paga ao cliente, creditando a sua conta de corretagem; Se o leitor perder 980 USD, a Bolsa de Futuros debita este valor na conta da instituição financeira, ou seja, obteve a mesma perda no mercado que o cliente; a instituição financeira debita este valor na conta de corretagem do cliente, ressarcindo-se, desta forma, da perda que resultou da sua operação no mercado; Qual o ganho da instituição financeira? Simples: a comissão de corretagem líquida dos encargos de bolsa. Vamos supor que cobrou 10 USD ao cliente e teve de pagar encargos à Bolsa de Futuros de 1 USD, obteve uma receita líquida de 9 USD. Aqui está receita de qualquer corretora no “Mundo Normal”.


Vamos supor que a instituição financeira começa a detectar quais dos seus clientes são perdedores, através da análise do seu padrão de comportamento – frequência das operações, colocação de stops, alavancagem utilizada, resultados das operações….se, em lugar de cobrir o risco, decide não replicar a operação do cliente junto de uma bolsa organizada, no nosso exemplo, uma Bolsa de Futuros, o que irá acontecer?


Ou seja: em lugar do mercado ficar com as perdas dos meus clientes, por que não no meu bolso?


Se a maioria dos meus clientes é perdedora, simplesmente deixo de realizar a cobertura de risco, embolsando todas as perdas dos clientes.


Então, qual o negócio?


Como?


Em lugar do “champanhe e das suítes à borla”, através de CFDs, propõe-se: spreads mínimos e sem comissões, alavancagem financeira sem limites – do tipo, torne-se um profissional e multiplique o seu investimento 200 vezes -, negociação de índices bolsistas, como, por exemplo, o dax 30, sem existir qualquer negociação numa bolsa organizada do contrato futuro correspondente – a corretora faz o preço!


Outra forma curiosa de iludir , é não proporcionar ao cliente a melhor execução, anunciando-se ao mundo como uma corretora “low cost” .


A actual regulação tornou a melhor execução tão complexa, que o preço passou a ser a última variável relevante, quando deveria sê-lo.


Vamos imaginar que uma Bolsa de Valores, por exemplo, a Euronext Lisboa, para tramitar a instrução de uma instituição financeira cobra 1 ponto básico: ou seja, por cada 10 mil euros negociados, é cobrado um Euro a título de encargos de bolsa.


De que forma se comporta o autodenominado “Low Cost”: anuncia uma comissão de apenas 0,5 pontos básicos.


O leitor perguntará? Mas como é isso possível?


Essa corretora perde dinheiro seguramente. Mas isso não me importa, vou já deixar a minha corretora, que me cobra 7 euros por cada 10 mil euros negociados, e abrir conta nessa corretora “Low Cost”: em lugar de pagar 7 euros, passo a pagar apenas 50 cêntimos….tudo fantástico!


Acontece que uma corretora deverá sempre encontrar o melhor preço de execução. Como o faz?


Através de várias bolsas; ao contrário do propagado, não existe apenas uma bolsa para negociar um determinado valor.


Se, por exemplo, o leitor desejar negociar a empresa Galp, poderá realizá-lo através de várias bolsas: Euronext, BATS, Turquoise…; para assegurar o melhor preço, no momento da instrução do cliente, a corretora deverá encontrar o preço mais baixo que existe em todas estas bolsas, no caso de uma ordem de compra, e o preço mais elevado, no caso de uma ordem de venda.


Vamos supor que esta execução, ao melhor preço, resulta numa ordem de compra executada a 9 Euros por título.


A tal corretora “Low Cost” não o fará através de uma instrução directa a várias bolsas, visando obter o tal preço de 9 Euros; fá-lo-á através de um fundo de investimento, controlado pela própria corretora, ou através de um banco de investimento parceiro; como funciona?


O fundo de investimento ou o banco de investimento irão, claro está, obter o melhor preço, neste caso os 9 Euros por título. Seguidamente, vendem os títulos ao cliente, por exemplo, a 9,00675 Euros por título. Ou seja, mais caro. A rapidez dos movimentos do preço tornam impossível ao cliente reconhecer a qualidade da execução.


Se a ordem do nosso exemplo fosse relativa a mil títulos, no caso da ordem ao melhor preço, através da sua corretora inicial, o leitor iria incorrer nos seguintes encargos: comissão 6,3 Euros (1 000 × 9 × 0,0007) e aquisição dos títulos por 9 mil Euros. Total: 9 006,3 Euros.


Através da corretora “Low Cost”, o leitor incorreria nos seguintes encargos: comissão 0,4503 Euros (1 000 × 9,00675 × 0,00005) e aquisição dos títulos por 9 006,75 mil Euros. Total: 9 007,2 Euros.


Como diz o povo: “o barato sai caro”; mais uma vez, os “trouxas” continuam a dar atenção “ao brilho das luzes, às viagens à borla…”, em lugar de indagar como as coisas funcionam.


Mas a ilusão não termina por aqui. O novo elixir da corretagem é o “negoceie com comissões 0”; pagar? Para quê!


Venha ganhar dinheiro em bolsa sem pagar pelo serviço. Ninguém se pergunta, de que irá viver a corretora daqui em diante?


Tudo isto faz-me lembrar Mark Zuckerberg, o líder da empresa Facebook, a maior rede social do mundo, a assistir às pungentes indignações dos senadores norte-americanos que, de dedo em riste, o questionavam há uns meses atrás: como é possível que venda os dados pessoais dos seus clientes? Não pode ser.


Mais uma vez, os “trouxas” da nossa história nunca se questionaram: o Facebook , utilizando os melhores programadores do mundo – caríssimos certamente -, gastando milhões de USD em servidores e tecnologia, proporciona gratuitamente um software excepcional a biliões de clientes, sem a necessidade de qualquer subscrição mensal , vive de quê?


Como é óbvio, a sua mercadoria é o cliente , não há milagres! A sua vida, os seus gostos, as suas preferências, os locais que visita: tudo é vendido pelo Facebook aos seus anunciantes.


O mesmo acontece com a corretagem: o cliente é a mercadoria.


A informação sobre as ordens pendentes dos pequenos investidores é vendida aos investidores profissionais, em particular a relacionada com as suas instruções Stops . Essa informação é de extrema importância; e porquê?


Em primeiro lugar, devemos clarificar o que é uma ordem stop.


Na verdade, ao contrário do que muitos pensam, não se trata de uma ordem, mas de um alarme.


E porquê um alarme?


Na verdade, o que o cliente solicita à corretora é o seguinte: se os preços na bolsa de valores, seja a melhor proposta de venda, de compra ou o último negócio que aí ocorra, atinjam um determinado patamar, envie de imediato uma ordem à bolsa de valores.


O que isto quer dizer? Que esta ordem de emergência, que serve fundamentalmente para estancar perdas, não está transmitida à bolsa; ou seja, ninguém conhece esta informação, não é pública, apenas a corretora a conhece. É valiosa, como vamos ver seguidamente.


Se o leitor adquirir acções da Galp a 9 euros, de imediato indica à sua corretora que deseja vender, mas apenas com esta condição: se existir na bolsa uma ou mais propostas de venda a 8 Euros ou a um preço inferior, transmita de imediato uma ordem de venda ao melhor preço.


Vamos supor que, para além do leitor, muitos clientes da corretora também colocaram ordens Stops em torno a este preço.


Isto é uma informação relevante, atendendo que a mesma não consta do livro de ordens pendentes da bolsa de valores – designado por profundidade – , mas quem a conheça, sabe que existe uma pressão vendedora substancial a este preço.


Isto significa que um investidor que tenha a capacidade de enviar e retirar uma ordem em menos de um segundo, ou nano segundos – como é o caso dos high-frequency traders -, caso conheça esta informação, poderá fazer “saltar” para o mercado toda esta pressão vendedora.


O que faz?


Lança uma ordem limitada de venda ao mercado a 8 Euros, retirando-a de imediato, sem qualquer intenção de que a mesma seja executada .


O que acontece? Os stops dos “trouxas” da nossa história saltam, podendo o leitor imaginar os lucros que daí advêm.


Esta informação é tanto mais valiosa, quanto maior a probabilidade destes stops saltarem: por outras palavras, é tanto mais valiosa quantos mais ordens pendentes de clientes perdedores existirem.


O preço é tanto mais alto quantos mais “trouxas” existam. Esta é a realidade nua e crua das comissões 0%.


A analogia utilizada pelo meu colega Paulo Pinto, no seu artigo “Investir na Bolsa: Comissões a 0 %, É Mesmo Verdade?”, onde brilhantemente comparava os “trouxas” das comissões 0% aos jogadores que entram numa partida de cartas sem se inteirarem que os demais jogadores já conhecem as suas: a probabilidade de perderem, em lugar de 0%, é de 100%!


Como já disse anteriormente: o difícil é assumirmos que fomos enganados.


Enganar sempre foi e será fácil: basta que anunciemos “ luzes, viagens pagas, banhos de champanhe, suítes de hotel à borla, miúdas e bebidas… ” e os “ trouxas ” anunciados por Robert de Niro sempre aparecem.

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